segunda-feira, 30 de junho de 2008

“Tem coisas que só Márcia faz pra você”

Companheira de todas as horas, fábrica de ilusões, culpada-mor da alienação brasileira. Há mil formas de falar (e de reclamar) sobre ela. Apesar de todas as nossas queixas, nunca nos divorciamos de sua presença fiel e infame em nosso dia-a-dia. É sua imperfeição que nos atrai.

É como procurar uma cara-metade – para todo e qualquer gênero: a gente pode até querer a perfeição, mas são as indigestas diferenças que nos levam à paixão aguda. Vai entender... Mas, convenhamos, a gente bem que gosta de ficar em frente à telinha.

Apesar de sermos loucos por TV, estamos em eternas tentativas de distinguir seus bons e maus produtos. E não dá para ser o tempo todo da “patota” dos soberbos, comprando brigas homéricas com emissoras, novelas e apresentadores. Isso é discurso de quem quer, a pulso, pertencer a uma elite intelectual! Entre tantas maledicências em transmissão, resta-nos algo a colher de benigno. É verdade que a procura é bem maior que a oferta, mas os índices ainda têm o que ascender.

O controle remoto é nosso guia. Para quem não tem uma assinatura de canais a cabo, é um verdadeiro exercício – tudo em busca de uma programação de qualidade. Mas a gente acha. Não é possível!... E não é apenas na TV Cultura e, aqui no Recife, na TV Universitária. Há qualidade no ar - basta a gente se despir de preconceitos.
Vou hoje abrir um espaço para falar de entretenimento. Tem coisas que não há como se classificar. Inominável, julgo eu, é a volta da apresentadora Márcia Goldschimdt à tevê. Nossa Senhora! E isso, sem dúvida, não é preconceito porque parei e assisti antes de ousar criticar por criticar. Podemos até entender o fenômeno inspirado na norte-americana Oprah Winfrey. Vá lá. A gente engole. Mas imitar por imitar e piorando o estilo, já vira um pesadelo.

A regra deveria ser clara: consultório de psicanálise é feito com especialista no assunto e casos de polícia são resolvidos na delegacia. Márcia tinha escolhido via menos indigesta quando, depois de ter encerrado as edições do “A hora da verdade”, passou um tempo na seara do entretenimento com o Jogo da Vida, na Bandeirantes, entre 2003 e 2005, salvo engano. Lembro que muitas mulheres, digamos, “menos agraciadas pela beleza” tinham, pelo menos, a oportunidade de fazer uma transformação geral (com direito a plásticas) patrocinada pelo extinto programa, que ainda funcionava como um “Namoro na TV”...

Bom, mas quem quiser dar uma olhadela na versão “divã público” e se arriscar a ouvir conselhos que vão desde brigas com vizinhos à violência contra a mulher, é só colocar na Band, de segunda a sexta, a partir das 16h30. Boa sorte. Ah, só é bom ter cuidado com os falsos casos, pois a apresentadora que se diz “especialista em relacionamentos” coleciona denúncias de farsa por onde comanda o espetáculo! Uma volta lamentável à política de pão e circo em canal aberto.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Novos tempos da comunicação e o medo do novo

Porque todos parecem viver numa sociedade em rede, onde conexões entre pessoas estão cada vez mais velozes; porque o tempo entre o acontecimento e a divulgação do fato é absurdamente curto; porque a informação nos chega com o mais absoluto imediatismo, em texto, áudio e imagem. Por isso é possível acreditar que estamos vivendo uma revolução.

O termo aqui empregado se refere às mudanças na comunicação, na expressão dos indivíduos e no comportamento da mídia - passando pelo jornalismo, entretenimento e telecomunicações, sem contar com o espaço cultural novo que se forma virtualmente. As mudanças estão nas novas tecnologias dos celulares, na TV digital que está surgindo e, principalmente, na internet. Já estaríamos próximos à realidade dos Jetsons?.. Pelo menos não se está tão distante como há muito pouco tempo.

Jornalismo aberto feito em sites e blogs, chegando facilmente nas caixas postais on-line de um mailling gigantesco; ou, simplesmente, produtores de conteúdo, espalhando notícias (de fato ou não) na web, ali, bem fácil, ao alcance de qualquer um. Seria uma reinvenção do conceito de comunicação? Provavelmente. E por que não?!

Assim como já se passou por revoluções políticas, econômicas e sociais, que estranheza tanto causa mudar as perspectivas da expressão comunicacional e as configurações midiáticas e informacionais? Talvez aquele velho medo do novo, que corrói todas as certezas firmadas nas academias (e no batente), que vão se esvaindo no fluxo veloz da Era da Informação.

Se se espera viver em um espaço democrático, pode-se começar aceitando que a linguagem está mudando, com as infinitas possibilidades ofertadas pela tecnologia e multimídia. Todos hoje podem ser os protagonistas da história: basta ter acesso a um espaço virtual. E, em um clique, a informação que se deseja dividir está disponível para um sem-fim de indivíduos – inúmeros mesmo, em se tratando de brasileiros, que são recordistas mundiais em tempo gasto na internet.

E esse é um exercício livre da expressão individual, que não precisa esperar pela edição do jornal, pela cobertura das rádios e TV’s. É onde estão os fatos que serão manchetes do dia seguinte, que servirão de ponto de partida para a apuração mais refinada das grandes reportagens, sem demérito algum. Pois, há, sim, prestação de serviço, furos, notícias relevantes.

Deixando qualquer inocência de lado, há de se lembrar dos factóides, das barrigas, do mau uso do meio virtual. Mas isso não é exclusividade dos blogueiros e afins, está em qualquer redação onde o jornalista não leva consigo a responsabilidade da profissão. Esse novo veículo de comunicação traz tantos medos e incertezas quanto trouxe o rádio ou a televisão, em seus respectivos nascimentos. Mas há de se respeitá-lo; porque se não nos adaptarmos a ele, seremos engolidos por esse monstro em crescimento, ignorados pelos novos tempos da comunicação.