Companheira de todas as horas, fábrica de ilusões, culpada-mor da alienação brasileira. Há mil formas de falar (e de reclamar) sobre ela. Apesar de todas as nossas queixas, nunca nos divorciamos de sua presença fiel e infame em nosso dia-a-dia. É sua imperfeição que nos atrai.
É como procurar uma cara-metade – para todo e qualquer gênero: a gente pode até querer a perfeição, mas são as indigestas diferenças que nos levam à paixão aguda. Vai entender... Mas, convenhamos, a gente bem que gosta de ficar em frente à telinha.
Apesar de sermos loucos por TV, estamos em eternas tentativas de distinguir seus bons e maus produtos. E não dá para ser o tempo todo da “patota” dos soberbos, comprando brigas homéricas com emissoras, novelas e apresentadores. Isso é discurso de quem quer, a pulso, pertencer a uma elite intelectual! Entre tantas maledicências em transmissão, resta-nos algo a colher de benigno. É verdade que a procura é bem maior que a oferta, mas os índices ainda têm o que ascender.
O controle remoto é nosso guia. Para quem não tem uma assinatura de canais a cabo, é um verdadeiro exercício – tudo em busca de uma programação de qualidade. Mas a gente acha. Não é possível!... E não é apenas na TV Cultura e, aqui no Recife, na TV Universitária. Há qualidade no ar - basta a gente se despir de preconceitos.
Vou hoje abrir um espaço para falar de entretenimento. Tem coisas que não há como se classificar. Inominável, julgo eu, é a volta da apresentadora Márcia Goldschimdt à tevê. Nossa Senhora! E isso, sem dúvida, não é preconceito porque parei e assisti antes de ousar criticar por criticar. Podemos até entender o fenômeno inspirado na norte-americana Oprah Winfrey. Vá lá. A gente engole. Mas imitar por imitar e piorando o estilo, já vira um pesadelo.
A regra deveria ser clara: consultório de psicanálise é feito com especialista no assunto e casos de polícia são resolvidos na delegacia. Márcia tinha escolhido via menos indigesta quando, depois de ter encerrado as edições do “A hora da verdade”, passou um tempo na seara do entretenimento com o Jogo da Vida, na Bandeirantes, entre 2003 e 2005, salvo engano. Lembro que muitas mulheres, digamos, “menos agraciadas pela beleza” tinham, pelo menos, a oportunidade de fazer uma transformação geral (com direito a plásticas) patrocinada pelo extinto programa, que ainda funcionava como um “Namoro na TV”...
Bom, mas quem quiser dar uma olhadela na versão “divã público” e se arriscar a ouvir conselhos que vão desde brigas com vizinhos à violência contra a mulher, é só colocar na Band, de segunda a sexta, a partir das 16h30. Boa sorte. Ah, só é bom ter cuidado com os falsos casos, pois a apresentadora que se diz “especialista em relacionamentos” coleciona denúncias de farsa por onde comanda o espetáculo! Uma volta lamentável à política de pão e circo em canal aberto.