quinta-feira, 24 de julho de 2008

Em boca fechada não entra mosquito





Se jornalista não segura informações que correm em segredo de Justiça, imagine se vai segurar segredinhos de novelas! Não mesmo. É por isso que autores vivem preparando diversos finais para suas tramas, temendo a ação da imprensa palpiteira responsável pela cobertura da programação da TV.



A vítima da vez é João Emanuel Carneiro. Ele anunciou que já escreveu quatro desfechos possíveis para sua “A Favorita”, da Globo. Mesmo sendo esse um folhetim do tipo misterioso, que coloca em dúvida quem é a vilã e quem é a mocinha, é um trabalho extra para o coitado! E por causa de jornalistas que têm boca enorme, esses do mundo das fofocas.

Bem longe desse jornalismo muitas vezes fútil, está a cobertura de grandes notícias: de apuração minuciosa e armada com forte esquema de fontes para conseguir as informações mais quentes. Refiro-me à polêmica do possível vazamento de informações sobre a Operação Satiagraha, da PF.
Na Folha de São Paulo, a repórter Andréa Michael escapou de ser presa ao antecipar dados sobre as investigações contra Daniel Dantas, enquanto o repórter global César Tralli, sabia, segundo o ministro da Justiça, Tarso Genro, da prisão do dono do Opportunity antes dos outros veículos. O ministro chegou a pedir desculpas pelo ocorrido!

Atrapalhar ou não as investigações policiais; ter ou não a liberdade de expressão acima de tudo; acreditar ou não que os segredos de Justiça só valem para as partes envolvidas no processo. Culpa ou mérito? Mas, questiono eu, não seria interferir demais no curso da história?
Assim como o mistério alimenta as novelas da TV, os casos policiais precisam ser alimentados pela investigação policial. Jornalismo investigativo é para jornalistas e trabalho da polícia é para policiais. Reportagens não são via única para se fazer justiça.

Talvez nosso papel não seja sempre o de soltar a informação. Algumas vezes, seria até mais apropriado calar momentaneamente até que as devidas instâncias possam nos dar fatos, estes sim, livres para divulgação e posterior conhecimento público. Quem sabe o dever de pressionar/questionar da imprensa deva ser cumprido de maneira limpa, às claras, sem joguinhos de poder que tanto condenamos...

Oportuno: os visitantes do Jornalismo Aberto, através de nossa enquete, se mostraram 100% contra a divulgação de informações que correm em segredo de Justiça.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Eu curti!

Registrando... Acompanhei o Agora Curta, da Globo Nordeste, e aprovei. Morfeu teve que ficar à minha espera: só me entreguei em seus braços na madrugada da segunda. Mas valeu. Entrevista objetiva, leve, e ótimo curta-metragem logo na estréia. Vida longa ao programa e a outras iniciativas regionais!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Agora, curta!





Entre diretores, produtores e editores, pouco mais de dez estão trabalhando no projeto. Um programa fixo, na grade da emissora de televisão de maior audiência, para incentivar o mercado audiovisual de Pernambuco. Estréia neste domingo, na Globo Nordeste, Agora Curta.

Já estão produzidos 41 programas, em parceria com a Luni Produções. Na apresentação da atriz Hermila Guedes, estarão vídeos genuinamente pernambucanos, mostrando as realizações de gente nova no circuito ou prestigiando profissionais premiados. No roteiro da atração, entrevistas também têm espaço.

As boas notícias, segundo me relatou o diretor de programação da Globo Arísio Coutinho Filho:

1. Em uma segunda etapa, o Agora Curta realizará concurso para revelar novos talentos;
2. Por enquanto, a transmissão é para os telespectadores de Pernambuco, mas, a expectativa é de abranger em outro momento todo o Nordeste.

Não imaginem que cá estou eu fazendo uma mera propaganda. Mas é que não se pode deixar de elogiar iniciativa como essa, que se junta à outra já existente na TV Universitária, com o programa Curta Pernambuco, que vai ao ar aos domingos, às 19h.

Se na teoria sabemos que é dever dos meios de comunicação ser transmissores de cultura, na prática, está bem clara a notória falta de comprometimento da maioria deles. O que vem dominando as programações, de um modo geral, são produtos duvidosos, material só de consumo fácil mesmo, sem conteúdo de peso. E, acredito, não é esse o propósito da novidade da Globo Nordeste.

Além do mais, é uma ótima oportunidade de nos vermos na telinha. É o regional tendo força numa grade tão fechada como a global. Também é vitrine e oportunidade de trabalho para muita gente talentosa. Quer mais? O primeiro Agora Curta apresenta, logo após o Lance Final, o documentário “O mundo é uma cabeça” (2004), que traz a história do movimento Manguebeat e, claro, de seu mentor Chico Science.

Agora, curta! E vamos ver no que vai dar.

P.S: Só achei meio tarde...

quarta-feira, 16 de julho de 2008

“Money, money, money...”


Uma bênção: a Band vai tirar o programa Show da Fé do ar, substituindo-o por uma revista eletrônica, no horário nobre das 21h. Será o início do fim do pastorado de RR Soares na televisão? Provavelmente não. Ele é bem mais onipresente que se possa imaginar!

Romildo Ribeiro Soares começou em 1977, na extinta Tupi, já comandando um programa evangélico. E não parou, tornando-se campeão de aparições, na programação da RedeTV!, CNT e em algumas afiliadas do SBT. Chegou a cem horas semanais, em emissoras de alcance nacional. E tem canal próprio: a Rede Internacional de Televisão.

Curiosa que sou, já vi inúmeras vezes o show de RR Soares. E por isso, caríssimos, posso dizer sem acidez que é um insulto, a começar pelos inúmeros “milagres”, “curas” e “exorcismos” ali realizados.

Um espaço para se falar de fé, esperança, em tempos tão difíceis como os de hoje, talvez fosse eficiente. Mas aquilo é um absurdo. O apresentador que, observe, é cunhado do bispo Edir Macedo (Igreja Universal do Reino de Deus), parece ser um mercador das crenças alheias.

Todas – todas mesmo – as vezes que tive a ousadia de acompanhar a atração, o “missionário” RR Soares estava vendendo algo, cobrando o dízimo ou contando histórias de fiéis que ganharam dinheiro depois que entraram na Igreja Internacional da Graça de Deus, da qual Romildo é líder. Não creio que essa seja a missão de um pastor, Senhor!

Por essas e outras é que fico me perguntando se não confundiram as bolas quando sonorizaram o Show da Fé... Acho que o tema de “O Aprendiz”, da Record – “For the love of money” (1974), do grupo O’Jays – é que deveria estar na abertura. Avaliem a tradução de um trecho da música: “Pelo amor ao dinheiro, pessoas mentirão, Deus. Eles enganarão, pelo amor ao dinheiro”.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Autocrítica: o discurso da mídia

Na época em que estava prestando vestibular, minha então professora de Gramática e Redação foi bem taxativa: “Faça Jornalismo”. Eis o início de tudo. Assim como eu, quem tem a vocação para seguir essa jornada, insiste em escrever e opinar todo o tempo. Parece que precisamos de atenção. Somos todos carentes. Queremos discursar para a multidão.

Mas é fácil escrever ou falar para um público que nem sempre tem “cultura” suficiente para nos criticar, apontar erros, exigir esclarecimentos. Abusando dos recursos de linguagem, fingindo não opinar na narrativa dos fatos, estamos freqüentemente montando discursos (pior: muitas vezes vazios). Facilmente nos deixamos embriagar pelo poder mítico enraizado nas mensagens das mídias a que pertencemos.

Infelizmente, há jornalistas que podem ser classificados até como estrategistas – seja para convencer seu interlocutor de uma verdade em que ele aposta ou, no mínimo, garantir que seu chefe dê crédito aos seus juízos de valores, continuando a confiar no seu taco e garantindo sua vaga no emprego!

Será que não se assemelha à autuação política? Vamos à minha lógica. Para o doutor em Ciências da Linguagem Patrick Charaudeau, o discurso político é, por excelência, o lugar de um jogo de máscaras. Elas, por sua vez, são nossa imagem diante do outro, capazes de ocultar (quando não impedem de identificar a pessoa mascarada) e simular (quando nos dão uma imagem diversa da escondida). Nelas se confundem o ser e o parecer, a pessoa e a personagem.

Notaram?..

Caricaturamos a realidade, mas, mesmo para nós, fingimos que ali está tudo nu e cru. Quando sabemos que é um mito a imparcialidade. E a cada palavra escrita, frase enunciada, os receptores fazem uma leitura única, com interpretações bem íntimas, baseados em suas vivências. Eles não são tão tolos quanto às vezes imaginamos.

Por mais que possamos crer no nosso poder intervencionista como comunicadores, o mundo não gira na direção que apontamos. Nossa atuação como lideranças da mídia, nosso jogo de palavras, o poder de persuasão que temos ali ao nosso alcance bem que interfere na realidade, sim. Mas, convenhamos, a vida segue o seu caminho.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

É que não sai mesmo da cabeça!

Alguém ainda acredita na imparcialidade da mídia?

Já disseram a Sandra Annenberg que não dá mais para vê-la quase chorar (ou chorar mesmo) por qualquer coisa que apresente no Jornal Hoje?

Como Chaves consegue ser sucesso depois de tantos anos?

Quando a política vai ser discutida com profundidade na imprensa, ao invés de só trazer troca-troca partidário e fazer do assunto quase que colunismo social?

Foi a campanha do Pânico que fez Dedé Santana deixar de lado as milhares de queixas contra Renato Aragão e voltar à tela ao seu lado?

Por que tem jornalista que escreve para si (e/ou para seus amigos), como se todos os seres comuns conhecessem profundamente o assunto que ele pesquisou?

quinta-feira, 3 de julho de 2008

É fantástico!

A dúvida que não quer calar é qual vai ser o futuro dos jornais, uma pulguinha que nos atacou depois do sucesso da internet como veículo de comunicação, incomodando, intrigando. Mais apropriado, talvez, fosse questionar o que se pode fazer para atrair o público nesse novo cenário onde a linguagem e a abordagem têm de ser diferentes para não perder força.

Um bom exemplo de como uma nova roupagem é necessária (e dá certo) pode ser visto no dominical Fantástico, da Globo. Não houve uma mera troca de apresentadores, de forma alguma. A saída de Pedro Bial e Glória Maria e, conseqüentemente, a chegada de Patrícia Poeta e a efetivação de Zeca Camargo em seus postos, marcam uma transformação na revista eletrônica semanal.

Dá para notar no estilo de entrevistas (principalmente as bombásticas de Patrícia Poeta, embora algumas até meio óbvias), nos quadros cômicos, nas grandes viagens (traduzidas em reportagens especiais que, dessa vez, têm conteúdo e não apenas excesso de passagens e frivolidades como há pouco), nos quadros que desmistificam temas áridos (como filosofia) e em prestação de serviço, como as dicas profissionais do consultor Max Gehringer.

E assim lá se vai o velho estilo sombrio de outros tempos do programa. Aquela voz quase assustadora de Cid Moreira, narrando estórias de ET’s, aberrações e perspectivas ambientais desastrosas não têm mais espaço nesse novo formato!

O caso do Fantástico é prova concreta de que é hora de um novo olhar sobre o fazer jornalístico, sobre a comunicação por completo. E isso não está restrito à tevê e seus recursos visuais.

Aos que tanto temem pelos próximos dias dos jornais, cabe refletir que os fatos não podem ser meros relatos, depois de qualquer um ter acompanhado via online; os leitores querem análises. Aliás, precisam disso. Até o estilo da redação talvez não possa ter mais distanciamento, tampouco ser tão rijo. Estamos em tempo de textos menos sisudos, e nem por isso menos informativos; de narrativas mais instigantes, que despertem o prazer da leitura.

Nacional e local: uma questão de identidade

Durante o Seminário 200 Anos da Imprensa no Brasil, organizado pela Fundação Joaquim Nabuco agora em junho aqui no Recife, foi colocado que talvez nosso único produto informativo realmente nacional seja o JN, da TV Globo. O argumento é de que provavelmente apenas ele consiga mostrar os quatro cantos do Brasil, com repórteres e reportagens em cada região.

A polêmica em torno do que é nacional e local advém, em verdade, de uma crise existencial, de identidade. Esse é um período histórico no qual as organizações vêm se desestruturando; onde falta legitimidade para as instituições e sobram mudanças radicais, em níveis fundamentais – territoriais, religiosos, étnicos, culturais, etc. Os indivíduos têm necessidade de ser, antes de fazerem parte da teia que envolve esse sistema.


O espanhol Manuel Castels (um dos principais pensadores da influência da Tecnologia da Informação na sociedade), na obra A sociedade em rede (1999), considera que “em um mundo de fluxos globais de riqueza, poder e imagens, a busca pela identidade coletiva e individual, atribuída ou construída, torna-se a fonte básica de significado social”. É como se a nós estivesse faltando um fio condutor para que sejamos cada um de nós, além de cidadãos do mundo, indivíduos que pertencem a um determinado clã, com costumes próprios, o que nos faz únicos.

Aos meios de comunicação cabe o papel de fazer contato entre as comunidades mais diversas. É até paradoxal, mas é fundamental dar ao público conhecimento sobre os fatos de seu país, mas também mostrar sua região, seu estado, seu bairro, sua tribo. Ser referência no desenvolvimento da imagem coletiva, porta-voz de debates de interesse do meio a que pertence. A articulação complexa entre o local, o nacional - e até o internacional – deve atingir esses anseios. Do contrário, apenas as estruturas hegemônicas é que sempre terão espaço de destaque.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Vamos falar de sensacionalismo...

A narrativa em torno da morte da garota Isabella, em São Paulo, ainda rende notícia. Desde a noite do dia 29 de março, o caso Isabella Nardoni vem levantado a poeira de um rasteiro nível de jornalismo que algumas empresas (e colegas) praticam.

Depois de extrapolar com a cobertura completa – desde as primeiras informações, passando pela perícia até a prisão do pai e da madrasta -, os veículos mudaram de estratégia. Mascarados de análise embasada, programas e telejornais trouxeram diversas reportagens e entrevistas com estudiosos da mente e do comportamento social, forjando qualidade no acompanhamento da notícia. Algo deturpador e estereotipado.

É claro que, para atrair seu público, inúmeras vezes, os meios de comunicação não se utilizam dos melhores subterfúgios. E nem sempre a convocação dos leitores/telespectadores/ouvintes se traduz apenas no excesso de sangue das notícias policiais. É também encontrado em torno das questões políticas e da vida de famosos, por exemplo. Mas será que o vilanismo do sensacionalismo é uma verdade absoluta?..

Aprendemos que ele é uma prática podre, baixa; mas aí pode depender de como se encara o verbete. Segundo definição do dicionário Aurélio, é a “divulgação e exploração de matéria capaz de emocionar, impressionar, indignar ou escandalizar”. Então, pelo menos em tese, teria como ser usado para o “bem”... Pena que poucos se utilizem da boa prática de produzir sensação intensa.

A verdade é que o sensacionalismo pode, algumas vezes, não se referir a algo realmente negativo. Por exemplo, voltemos a 1968, mais precisamente ao mês de maio, quando o mundo viu eclodir diversos protestos que fizeram mudar o rumo da História. Um dos motivos por que todos viram o que estava acontecendo foi o sensacionalismo da mídia. Isso mesmo, pois ali começava um boom da comunicação.

É claro que se trata de um momento à parte, não há dúvida. Mas, trazendo a mensagem subliminar daquele contexto para os dias de hoje, há como se pensar em agir positivamente: impactar o público com notícias de conteúdo que possam emocionar, impressionar, indignar ou escandalizar, de forma a contribuir com o amadurecimento/crescimento social. E isso não é tão impossível de se fazer...

Em tempo: Em reportagem na revista Imprensa (edição de maio), a repórter Thaís Naldoni lembra que, nos últimos oito anos, 159.174 crianças sofreram agressões domésticas, segundo dados da Agência de Notícias dos Direitos da Infância. De acordo com o Unicef, em 70% dos casos de violência infantil são os pais biológicos os agressores.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

“Tem coisas que só Márcia faz pra você”

Companheira de todas as horas, fábrica de ilusões, culpada-mor da alienação brasileira. Há mil formas de falar (e de reclamar) sobre ela. Apesar de todas as nossas queixas, nunca nos divorciamos de sua presença fiel e infame em nosso dia-a-dia. É sua imperfeição que nos atrai.

É como procurar uma cara-metade – para todo e qualquer gênero: a gente pode até querer a perfeição, mas são as indigestas diferenças que nos levam à paixão aguda. Vai entender... Mas, convenhamos, a gente bem que gosta de ficar em frente à telinha.

Apesar de sermos loucos por TV, estamos em eternas tentativas de distinguir seus bons e maus produtos. E não dá para ser o tempo todo da “patota” dos soberbos, comprando brigas homéricas com emissoras, novelas e apresentadores. Isso é discurso de quem quer, a pulso, pertencer a uma elite intelectual! Entre tantas maledicências em transmissão, resta-nos algo a colher de benigno. É verdade que a procura é bem maior que a oferta, mas os índices ainda têm o que ascender.

O controle remoto é nosso guia. Para quem não tem uma assinatura de canais a cabo, é um verdadeiro exercício – tudo em busca de uma programação de qualidade. Mas a gente acha. Não é possível!... E não é apenas na TV Cultura e, aqui no Recife, na TV Universitária. Há qualidade no ar - basta a gente se despir de preconceitos.
Vou hoje abrir um espaço para falar de entretenimento. Tem coisas que não há como se classificar. Inominável, julgo eu, é a volta da apresentadora Márcia Goldschimdt à tevê. Nossa Senhora! E isso, sem dúvida, não é preconceito porque parei e assisti antes de ousar criticar por criticar. Podemos até entender o fenômeno inspirado na norte-americana Oprah Winfrey. Vá lá. A gente engole. Mas imitar por imitar e piorando o estilo, já vira um pesadelo.

A regra deveria ser clara: consultório de psicanálise é feito com especialista no assunto e casos de polícia são resolvidos na delegacia. Márcia tinha escolhido via menos indigesta quando, depois de ter encerrado as edições do “A hora da verdade”, passou um tempo na seara do entretenimento com o Jogo da Vida, na Bandeirantes, entre 2003 e 2005, salvo engano. Lembro que muitas mulheres, digamos, “menos agraciadas pela beleza” tinham, pelo menos, a oportunidade de fazer uma transformação geral (com direito a plásticas) patrocinada pelo extinto programa, que ainda funcionava como um “Namoro na TV”...

Bom, mas quem quiser dar uma olhadela na versão “divã público” e se arriscar a ouvir conselhos que vão desde brigas com vizinhos à violência contra a mulher, é só colocar na Band, de segunda a sexta, a partir das 16h30. Boa sorte. Ah, só é bom ter cuidado com os falsos casos, pois a apresentadora que se diz “especialista em relacionamentos” coleciona denúncias de farsa por onde comanda o espetáculo! Uma volta lamentável à política de pão e circo em canal aberto.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Novos tempos da comunicação e o medo do novo

Porque todos parecem viver numa sociedade em rede, onde conexões entre pessoas estão cada vez mais velozes; porque o tempo entre o acontecimento e a divulgação do fato é absurdamente curto; porque a informação nos chega com o mais absoluto imediatismo, em texto, áudio e imagem. Por isso é possível acreditar que estamos vivendo uma revolução.

O termo aqui empregado se refere às mudanças na comunicação, na expressão dos indivíduos e no comportamento da mídia - passando pelo jornalismo, entretenimento e telecomunicações, sem contar com o espaço cultural novo que se forma virtualmente. As mudanças estão nas novas tecnologias dos celulares, na TV digital que está surgindo e, principalmente, na internet. Já estaríamos próximos à realidade dos Jetsons?.. Pelo menos não se está tão distante como há muito pouco tempo.

Jornalismo aberto feito em sites e blogs, chegando facilmente nas caixas postais on-line de um mailling gigantesco; ou, simplesmente, produtores de conteúdo, espalhando notícias (de fato ou não) na web, ali, bem fácil, ao alcance de qualquer um. Seria uma reinvenção do conceito de comunicação? Provavelmente. E por que não?!

Assim como já se passou por revoluções políticas, econômicas e sociais, que estranheza tanto causa mudar as perspectivas da expressão comunicacional e as configurações midiáticas e informacionais? Talvez aquele velho medo do novo, que corrói todas as certezas firmadas nas academias (e no batente), que vão se esvaindo no fluxo veloz da Era da Informação.

Se se espera viver em um espaço democrático, pode-se começar aceitando que a linguagem está mudando, com as infinitas possibilidades ofertadas pela tecnologia e multimídia. Todos hoje podem ser os protagonistas da história: basta ter acesso a um espaço virtual. E, em um clique, a informação que se deseja dividir está disponível para um sem-fim de indivíduos – inúmeros mesmo, em se tratando de brasileiros, que são recordistas mundiais em tempo gasto na internet.

E esse é um exercício livre da expressão individual, que não precisa esperar pela edição do jornal, pela cobertura das rádios e TV’s. É onde estão os fatos que serão manchetes do dia seguinte, que servirão de ponto de partida para a apuração mais refinada das grandes reportagens, sem demérito algum. Pois, há, sim, prestação de serviço, furos, notícias relevantes.

Deixando qualquer inocência de lado, há de se lembrar dos factóides, das barrigas, do mau uso do meio virtual. Mas isso não é exclusividade dos blogueiros e afins, está em qualquer redação onde o jornalista não leva consigo a responsabilidade da profissão. Esse novo veículo de comunicação traz tantos medos e incertezas quanto trouxe o rádio ou a televisão, em seus respectivos nascimentos. Mas há de se respeitá-lo; porque se não nos adaptarmos a ele, seremos engolidos por esse monstro em crescimento, ignorados pelos novos tempos da comunicação.