quarta-feira, 2 de julho de 2008

Vamos falar de sensacionalismo...

A narrativa em torno da morte da garota Isabella, em São Paulo, ainda rende notícia. Desde a noite do dia 29 de março, o caso Isabella Nardoni vem levantado a poeira de um rasteiro nível de jornalismo que algumas empresas (e colegas) praticam.

Depois de extrapolar com a cobertura completa – desde as primeiras informações, passando pela perícia até a prisão do pai e da madrasta -, os veículos mudaram de estratégia. Mascarados de análise embasada, programas e telejornais trouxeram diversas reportagens e entrevistas com estudiosos da mente e do comportamento social, forjando qualidade no acompanhamento da notícia. Algo deturpador e estereotipado.

É claro que, para atrair seu público, inúmeras vezes, os meios de comunicação não se utilizam dos melhores subterfúgios. E nem sempre a convocação dos leitores/telespectadores/ouvintes se traduz apenas no excesso de sangue das notícias policiais. É também encontrado em torno das questões políticas e da vida de famosos, por exemplo. Mas será que o vilanismo do sensacionalismo é uma verdade absoluta?..

Aprendemos que ele é uma prática podre, baixa; mas aí pode depender de como se encara o verbete. Segundo definição do dicionário Aurélio, é a “divulgação e exploração de matéria capaz de emocionar, impressionar, indignar ou escandalizar”. Então, pelo menos em tese, teria como ser usado para o “bem”... Pena que poucos se utilizem da boa prática de produzir sensação intensa.

A verdade é que o sensacionalismo pode, algumas vezes, não se referir a algo realmente negativo. Por exemplo, voltemos a 1968, mais precisamente ao mês de maio, quando o mundo viu eclodir diversos protestos que fizeram mudar o rumo da História. Um dos motivos por que todos viram o que estava acontecendo foi o sensacionalismo da mídia. Isso mesmo, pois ali começava um boom da comunicação.

É claro que se trata de um momento à parte, não há dúvida. Mas, trazendo a mensagem subliminar daquele contexto para os dias de hoje, há como se pensar em agir positivamente: impactar o público com notícias de conteúdo que possam emocionar, impressionar, indignar ou escandalizar, de forma a contribuir com o amadurecimento/crescimento social. E isso não é tão impossível de se fazer...

Em tempo: Em reportagem na revista Imprensa (edição de maio), a repórter Thaís Naldoni lembra que, nos últimos oito anos, 159.174 crianças sofreram agressões domésticas, segundo dados da Agência de Notícias dos Direitos da Infância. De acordo com o Unicef, em 70% dos casos de violência infantil são os pais biológicos os agressores.

2 comentários:

Nanda disse...

Oi Siiiiiiiiilvinha!!!

tô gostando do blog, prometa-me atualizar sempre que vou pegando o hábito de ler sempre. Adorei a cronica debaixo, sobre a Márcia!!!

um beijo enorme, sucesso, e aproveite o blog pra continuar mostrando o seu talento com as palavras. E lembre-se mexeu com você, mexeu comigo também, o seu problema, é o meu problema!" hahahaha ( Márcia domina!)

Kanimambo disse...

Boa, Silvinha, muito boa.

Vivemos um momento interessantíssimo. Nunca se discutiu tanto, se conversou tanto sobre a qualidade de nossos meios de comunicação.

Os frutos desse papo todo são excelentes blogs como o seu, que por suas vez acabam fazendo com que várias pulguinhas se despertem por toda a parte, um grande cheiro e longa vida ao blog.

Ivan Moraes Filho