quinta-feira, 3 de julho de 2008

Nacional e local: uma questão de identidade

Durante o Seminário 200 Anos da Imprensa no Brasil, organizado pela Fundação Joaquim Nabuco agora em junho aqui no Recife, foi colocado que talvez nosso único produto informativo realmente nacional seja o JN, da TV Globo. O argumento é de que provavelmente apenas ele consiga mostrar os quatro cantos do Brasil, com repórteres e reportagens em cada região.

A polêmica em torno do que é nacional e local advém, em verdade, de uma crise existencial, de identidade. Esse é um período histórico no qual as organizações vêm se desestruturando; onde falta legitimidade para as instituições e sobram mudanças radicais, em níveis fundamentais – territoriais, religiosos, étnicos, culturais, etc. Os indivíduos têm necessidade de ser, antes de fazerem parte da teia que envolve esse sistema.


O espanhol Manuel Castels (um dos principais pensadores da influência da Tecnologia da Informação na sociedade), na obra A sociedade em rede (1999), considera que “em um mundo de fluxos globais de riqueza, poder e imagens, a busca pela identidade coletiva e individual, atribuída ou construída, torna-se a fonte básica de significado social”. É como se a nós estivesse faltando um fio condutor para que sejamos cada um de nós, além de cidadãos do mundo, indivíduos que pertencem a um determinado clã, com costumes próprios, o que nos faz únicos.

Aos meios de comunicação cabe o papel de fazer contato entre as comunidades mais diversas. É até paradoxal, mas é fundamental dar ao público conhecimento sobre os fatos de seu país, mas também mostrar sua região, seu estado, seu bairro, sua tribo. Ser referência no desenvolvimento da imagem coletiva, porta-voz de debates de interesse do meio a que pertence. A articulação complexa entre o local, o nacional - e até o internacional – deve atingir esses anseios. Do contrário, apenas as estruturas hegemônicas é que sempre terão espaço de destaque.

Nenhum comentário: